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Plano Arquitetado

Sóstenes detalha invasão na Câmara: ‘Coletiva foi disfarce para entrar no plenário’

Líder do PL na Câmara dos Deputados nega desgaste com ação, acusa Hugo Motta de antecipar retorno e cobra anistia total para Bolsonaro

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Uma ação pensada de um dia para o outro e uma coletiva de imprensa convocada estrategicamente às pressas despistar. Foi assim que deputados do PL se articularam para ocupar o plenário da Câmara dos Deputados e do Senado no dia 5 de agosto deste ano.

Foram ao menos 24 horas de ocupação, com direito a esparadrapos da boca, gritos por anistia e até correntes para evitar a retirada dos parlamentares. O estopim foi a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de descumprir medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista à IstoÉ, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL–RJ), esmiuçou o plano arquitetado pelos bolsonaristas. O recado à época era claro: o partido desejava o avanço do PL da Anistia, travado na Casa, além da aprovação da PEC das Prerrogativas.

O planejamento começou na noite de segunda-feira, 4, horas após a prisão de Bolsonaro ser decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. No dia seguinte, no primeiro dia de trabalhos do Legislativo após o recesso, líderes da oposição convocaram uma coletiva para às 11h, na rampa do Congresso Nacional. Enquanto isso, deputados e senadores ocupavam as cadeiras da mesa diretora da Câmara e do Senado.

“De um dia para o outro. Planejamos na segunda-feira à noite, na reunião do partido, e ocupamos na terça-feira. Por isso nós demos a entrevista coletiva na rampa, e enquanto estávamos dando a entrevista coletiva na rampa, nós já tínhamos pessoas ocupando a mesa da Câmara e do Senado. A entrevista coletiva era um disfarce para a gente poder ocupar as duas casas”, conta Sóstenes.

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“Não foi uma ocupação impensada, bagunçada, inclusive o uso do esparadrapo. Sabíamos que a esquerda ia querer provocar e alguns de nós poderíamos ser tentado a entrar em um bate-boca, parando com ações no Conselho de Ética. Foi uma ocupação pensada”, completa.

Sóstenes citou as cobranças que recebia de eleitores para o “aprendizado” com a esquerda e citou a greve de fome do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) para validar a invasão. Glauber ficou ao menos oito dias sem comer e hospedado no plenário do Conselho de Ética da Câmara.

“O eleitor nos falava para aprendermos com o péssimo exemplo da esquerda. O Glauber [Braga (PSOL-RJ)] sozinho parou o processo de cassação dele com a greve de fome. Então, na volta do recesso organizamos a ocupação de maneira ordeira, bem diferente das ocupações de esquerda”, declarou.

O líder do PL nega qualquer desgaste na imagem do partido ou no PL da Anistia na invasão organizada pelos bolsonaristas. Ele avalia que a crise ficou por conta do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que entrou no plenário antes do combinado com as lideranças.

“Houve uma antecipação do retorno dele ante o que tínhamos combinado. O combinado era esperar todos descerem e ele entrar no plenário. Quando a gente conseguiu descer uma parte, fomos pegos de surpresa com a chegada do presidente Hugo Motta. Começamos a gritar para todos deixarem o local”, conta o deputado.

“Penso que a abordagem e a forma repentina que o presidente Hugo chegou no plenário, acabou produzindo aquela cena que deu desgaste para ele, para nós e sem a menor necessidade. Ali houve um desgaste de imagem da Casa. O presidente Alcolumbre, nisto, foi mais astuto politicamente, segurando as sessões e em um dia a mais até a desocupação”, completou.

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Para pôr fim à ocupação, Sóstenes negociou a aprovação da PEC das Prerrogativas e o avanço do PL da Anistia “total e irrestrita”. O primeiro foi aprovado na última terça-feira, 16, pela Câmara. O segundo teve sua urgência aprovada no dia seguinte, após a condenação de 27 anos e três meses imposta ao ex-presidente por participação na trama golpista.

Parte do avanço do projeto foi creditado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi à Brasília para negociar diretamente com líderes e presentes de partidos. A pressão encurralou Hugo Motta, que mesmo resistente não teve alternativa a não ser votar a urgência.

“A chegada do governador Tarcísio consolidou muito mais o trabalho que já vinha sendo feito, em especial quando ele consolida o voto do Republicanos, partido dele, em favor do texto. Isso nos dá minimamente mais 30 votos. Foi uma articulação muito importante a dele e um fator decisivo para reaquecer a anistia neste momento”, declarou.

Mesmo com o desejo dos bolsonaristas de emplacar uma anistia completa e com Bolsonaro elegível em 2026, o projeto tende a ser desidratado pelo relator, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que focará apenas na redução das penas para os condenados pelo 8 de janeiro, não contemplando Jair Bolsonaro.

 

Por Isto È

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