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Tensão no Legislativo

Reunião de Motta e Alcolumbre foi cancelada após fala de Paulinho da Força

Encontro noturno previsto para discutir anistia foi suspenso após mal-estar com declaração que atrela IR à pauta política

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Na noite de quarta-feira (24), estava marcada uma reunião reservada entre o relator da anistia na Câmara, Paulinho da Força, o presidente da Casa, Hugo Motta, e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre. O objetivo era alinhar ajustes no texto da chamada dosimetria, uma versão mais restrita da anistia, e definir o cronograma de tramitação. O encontro, previsto para ocorrer na calada da noite, acabou suspenso de última hora, ampliando o clima de desconfiança entre Câmara e Senado.

A versão oficial para o cancelamento apontou que Alcolumbre ficou preso em outro compromisso e não conseguiu comparecer. No entanto, nos bastidores a verdadeira causa foi o incômodo com as declarações de Paulinho ao longo do dia. O deputado havia dito que a aprovação da isenção do imposto de renda até R$ 5 mil dependeria da votação da anistia. A frase foi interpretada como uma tentativa de condicionar a pauta econômica a um tema político delicado e gerou forte reação nos bastidores.

Poucas horas antes do horário previsto para a reunião, Hugo Motta reagiu publicamente em entrevista ao Poder360. “Não existe isso de só votar IR se for com a anistia”, disse o presidente da Câmara, destacando que a votação da pauta econômica continua marcada para 1º de outubro, sem qualquer amarra à anistia. A declaração reforçou a leitura de que as palavras de Paulinho haviam causado desgaste imediato e inviabilizado a conversa tripartite.

Motta deve priorizar pauta econômica

O cancelamento da reunião não é apenas um episódio isolado, mas parte de uma sequência de atritos que vem marcando a relação entre as duas Casas. Após o Senado ter enterrado a PEC da Bandidagem, deputados e senadores tentavam demonstrar algum sinal de recomposição institucional. A expectativa era que o encontro servisse para indicar uma retomada de diálogo, mas a estratégia de Paulinho acabou tendo efeito contrário. Para Alcolumbre, atrelar a isenção do IR à anistia representava um risco político excessivo, além de ser lido como pressão indevida sobre o Senado.

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Aliádos de Hugo Motta chegaram a fazer críticas públicas ao senado ainda nesta quarta-feira (24), um exemplo foi o deputado Dr. Luizinho (AL), líder do PP, que acusou o senado de deixar a Câmara exposta com a derrubada da PEC da Bandidagem.

Nos bastidores, líderes aliados relatam que o incômodo de Alcolumbre não se deve apenas ao conteúdo da fala, mas ao momento em que ela ocorreu. Paulinho tentou usar o discurso como uma forma de aumentar a relevância de sua proposta, vinculando-a a uma medida de impacto direto na renda da população. A manobra, no entanto, foi recebida como inoportuna, principalmente em um momento em que a prioridade do Congresso é aprovar a pauta econômica sem sobressaltos.

Paulinho da Força, por sua vez, insiste em apresentar o projeto como uma anistia restrita, que busca apenas reduzir penas e não conceder perdão amplo. Apesar disso, a resistência permanece, e a tentativa de atrelar a iniciativa a outra agenda de alta popularidade provocou mais dúvidas do que apoios. O gesto de Motta ao descolar publicamente os dois temas mostrou que a Câmara não pretende abrir espaço para chantagens políticas e reforçou a disposição de priorizar a pauta econômica.

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O episódio evidencia o ambiente de instabilidade em torno da tramitação da anistia. O texto, apelidado de dosimetria, ainda carece de apoio consolidado no Senado, e o cancelamento da reunião fragiliza as chances de um consenso rápido. Até o momento, não há nova data marcada para que Motta, Alcolumbre e Paulinho retomem as negociações, o que mantém a agenda em suspenso e acentua o desgaste político.

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